A fase do ballet.
ela aconteceu com todas (ou pelo menos a maioria) de nós, meninas e mulheres.
O balé. Um esporte tão cativante e tão feminino; feminino ao ponto de que a maioria das meninas e mulheres nascidas depois dos anos 2000 realizaram por conta, principalmente, de suas mães. O ballet foi a primeira fase para todas as meninas que o presenciaram: ele foi a fase do autoconhecimento, a primeira vez que nos descobrimos, que nos entendemos como nós mesmas.
Mas, primeiramente, o que é o balé?
O ballet — em sua grafia francesa — é um esporte e uma forma de expressão artística muito importante, além de ser uma das primeiras formas de dança estruturada da história da humanidade.
É uma dança muito complexa, que exige uma postura ereta e verticalizada, uma flexibilidade acima da média comum, uma leveza descomunal, disciplina, harmonia, simetria corporal e uma boa distribuição de peso.
É por isso que, para praticar ballet, é preciso um bom preparo físico e uma alimentação equilibrada, principalmente antes de aulas, ensaios e apresentações.
E onde ele surgiu?
O ballet surgiu na Itália durante o Renascimento. “Ballet” é uma variação da palavra “ballare” que pode ser traduzido para “bailar”.
O ballet foi inspirado na “pantomima” que é um gênero teatral onde os atores se expressam através da fisionomia e movimentos corporais.
As suas origens remontam às cortes italianas do século XV, avançando para outras cortes europeias como Inglaterra, Rússia e França.
Uma coisa que observo bastante ao falar sobre essa fase com outras meninas é que nenhuma teve uma boa experiência com o balé. Uma parte foi excluída por meninas mais velhas e, por conta disso, não conseguiu um bom desempenho. A outra parte acabou não se identificando com o esporte e decidiu sair, preferindo outros esportes similares ou completamente opostos também. Teve uma parte quem sequer conseguiu fazer aulas por falta de dinheiro — no caso da minha mãe — ou falta de interesse mesmo.
Por isso, gostaria de compartilhar duas coisas que considero em relação ao ballet. A primeira é que uma bailarina nunca deixa de ser bailarina, principalmente aquelas que ainda amam o ballet com o coração.
A segunda é que o ballet, a sua fase, é o momento em que nós nos descobrimos, descobrimos do que nós gostamos.
Vou me usar como exemplo: quando comecei a fazer ballet, eu amava, era uma das melhores e vivia pensando em ballet. O ballet foi um dos meus amores da época, talvez o meu primeiro amor. (Quer dizer, a arte foi o meu primeiro amor, mas o ballet é uma forma de arte!)
De qualquer forma, o ballet ficou chato com o tempo. Quer dizer, eu amava observar as pessoas dançando e até amava dançar um pouco, mas eu não queria mais o ballet. Eu sentia que ele não era para mim: não era para eu viver, apenas sentir e desejar. Eu não queria fazer o ballet, eu queria ver, admirar e desejar aquilo. E aí eu entendi: eu estava me conhecendo, conhecendo quem eu era.
Foi então que uma chave virou na minha cabeça: eu queria a dança contemporânea. A questão é que eu era muito nova para dançar contemporâneo, mas a professora me deu uma oportunidade. Desisti no dia que fiz a aula, não era como eu imaginava. Fui pensando na ginástica artística e rítmica, minhas paixões da vida, mas não tinha na minha cidade.
Enfim, o que eu quero dizer foi que o ballet fez eu perceber do que eu gostava, pois até então eu não me conhecia. Não sabia quem era eu, Rafaelle. Mas eu me descobri, descobri meus gostos.
A fase do ballet para mim foi a fase que eu sentei e tive minha primeira conversa comigo mesma. Teve — e tem até hoje — alguns desentendimentos, mas nós nos entendemos. Nós concordamos, e, quando eu senti isso pela primeira vez, sentir que eu estava me conhecendo e concordando comigo mesma, eu não consegui me conter: chorei; mas de alegria, alegria por saber quem eu era!
O ballet abriu portas para que eu conversasse comigo mesma e me entendesse. Nem sempre eu me entendo — na maioria das vezes, eu não me entendo — mas agora eu sei conversar comigo e tentar entender o que sou e o que está acontecendo.
E é isso que o ballet fez com a maioria das meninas, fez elas se entenderem.
Meninas, se vocês tiveram alguma experiência parecida com a minha com o ballet, ou qualquer outra experiência que vocês gostaria de participar, as convido a comentarem.